PSEUDO-ARGUMENTAÇÕES D’UNS APÓCRIFAS...

À MÍNGUA DE CORAGEM MORAL A ASSUMIREM...

 

Reiniciando meus trabalhos extra-escolares, mas não extra-educacionais, em desfavor de pseudoeducadores...

Recebi, via En:[Ens_Fund] Date: Mon, 29 Aug 2005 15:28:14 –0300:

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SABIA QUE VOCÊ NÃO TERIA, COMO SEMPRE, HUMILDADE DE  RECEBER CRITICAS. FOI POR ISSO QUE TE ENVIEI  AQUELA MENSAGEM ; ASSIM PUDE COMPROVAR  QUE, APESAR DE SUA INTELIGÊNCIA, TE FALTA AINDA TANTA COISA PARA APRENDER NESTE MUNDO.

Pois de tanto, após averiguações nos registros de “propriedades” da correspondência, posso constatar que se trata ainda daquela que, agora certeza temos, não poderia ser Diretora nem de seu próprio destino, devido às tantas limitações políticas e lingüísticas. Portanto, constato tratar-se da indigitada homônima. Escusando-me de mais comentários quanto ao léxico, simplesmente anoto, à velha moda das corrigendas em vermelho, as impropriedades entrevistas.

Quanto ao mais, ao teor em si (supondo haver), ou à guisa de dar-lhe algum, argumento:

a) “Sabia que você (eu) não teria, COMO SEMPRE...Como sempre demonstra a minha coerência, eis que não me camuflo de bajulador ao sabor das temperanças eólias, ditas pelo vulgo “em cima do muro”. Os exemplos só se convertem em tais (– exemplos – na relação educador/educação/educando) quando os argumentadores-educadores têm permanente coerência consigo mesmo, como sempre, ainda que divergentes forem as opiniões/ações dos argumentadores-educandos. Aceita-las assim, no verdadeiro desenvolvimento singular das autonomias, é o campo limitado ao docente que não permaneceu no século XIX. Isto não significará que, havendo desenvolvido evolutivamente determinado conceito, um próprio entendimento novel – dês que não antagônico aos princípios ético-filosóficos (ao contrário de alguns partidos), ao assumi-lo nesta nova versão, publica e justificadamente, haja dai qualquer incoerência, pelo contrário, reafirma-se a própria autonomia. Assim aconteceu, por exemplo, com a minha última filiação partidária: há quatro anos tive certeza do que a maioria (mas nem todos ainda, estamos vendo), do que só agora se dão contas as massas – de que o governo democrático e popular é uma farsa. Busquei instruir-me – e o faço permanentemente – diferentemente de alguns pretensos professores – que mais não fazem além de professar as verdades alheias. Infelizmente estes, alijados do presente, desprovidos de argumentos às discussões em seu fundo filosófico-político (intrínseco em todas minhas ditas arengações) – o que obviamente aos néscios não é dado observar devido às próprias limitações aqui relembradas – mais não fazem que buscarem subterfúgios em descabidos humores e honras melindrados. Nas tais instruções descobri que, dentre muitos que me antecederam, assim o disse Mikhail Aleksandrovitch Bakunin (1814-1876), revolucionário e anarquista russo, combatendo o pensamento de Karl Marx:

"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários... Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana."

b) Mais disse a melindrada: “não teria (eu) HUMILDADE de...” – a humildade na prática filosófico-política e/ou econômico-capitalista distancia-se daquela crédulo-religiosa advinda dos cultos monoteístas na cultura ocidental (judaísmo, cristianismo, islamismo), inversamente das práticas orientais, onde se confundem na unicidade. Exemplificando, veja-se o que entende uma pouco conhecida corrente filosófico-cristã [I]:

         São falsas humildades [II]:

Aqueles que se rebaixam ante os outros querendo parecer humildes, porém estão cheios de ressentimentos, inveja ou ambição.

Outra falsa humildade é não reconhecer ou não acreditar em seu real valor e se sentir inferior, pode até possuir humildade porém se inferioriza a tal ponto ante seus semelhantes, sentindo grande sofrimento em seu interior, este ser não respeita a sua dignidade.”

Outros trechos do mesmo escrito certamente até prestar-se-iam ao entendimento da querelante, eis que absurdamente apolíticos, pelo que deixo de os citar, por indignos aos entendidos princípios destes arrazoados.

Opostamente aparenta entender um filósofo contemporâneo, em seu artigo (grafos nestes excertos)...

Pequeno Tratado das Grandes Virtudes [III]                                                         

André Comte-Sponville [IV]

“Assim, é a virtude dos santos, quando os sábios, fora Montaigne, às vezes parecem desprovidos dela. Pascal não está de todo errado ao criticar a soberba dos filósofos. É que alguns deles levaram a sério sua divindade, sobre a qual os santos não se iludem. “Divino, eu?” Seria preciso ignorar Deus, ou ignorar a si mesmo. A humildade recusa pelo menos a segunda dessas duas ignorâncias, e é nisso, antes de tudo, que ela é uma virtude: está vinculada ao amor à verdade e a ele se submete. Ser humilde é amar a verdade mais que a si mesmo.

“... evite-se confundir a humildade com a micropsuchia de Aristóteles, que é mais bem vertida por baixeza ou pequenez. De que se trata? Estamos lembrados de que toda virtude, para Aristóteles, é uma cumeada entre dois abismos. Assim é no caso da magnanimidade ou grandeza de alma: quem se afasta dela por excesso cai na vaidade; quem se afasta por falta, cai na baixeza. Ser baixo é privar-se daquilo de que se é digno, é desconhecer seu valor real, a ponto de se interditar qualquer ação um pouco elevada, por nunca se acreditar capaz dela. Essa pequenez corresponde muito bem ao que Spinoza, distinguindo-a da humildade (humilitas), chama de abjectio, que se costuma traduzir por desestima ou desprezo por si, mas que Bernard Pautrat teve razão de traduzir por baixeza: “A baixeza (abjectio) é fazer de si, por tristeza, menos caso do que seria justo.” É evidente que essa baixeza pode nascer da humildade, e é isso então que torna esta última viciosa.

...

Alcançamos aqui, no fundo, a dupla crítica, kantiana e nietzscheana, da humildade. Vejamos um pouco os textos. Na Doutrina da virtude, Kant opõe legitimamente o que chama de “falsa humildade” (ou baixeza) ao dever de respeitar em si a dignidade do homem como sujeito moral: a baixeza é o contrário da honra, explica ele, e aquela é tão certamente um vício quanto esta, uma virtude.

Kant apressa-se evidentemente em acrescentar que também existe uma verdadeira humildade (humilitas moralis), da qual ele dá esta bela definição:

“A consciência e o sentimento de seu pequeno valor moral em comparação com a lei é a humildade.”

Longe de atentar à dignidade do sujeito, esta última humildade a supõe (não haveria razão alguma para submeter à lei um indivíduo que não fosse capaz de tal legislação interior: a humildade implica a elevação) e a confirma (submeter-se à lei é uma exigência da própria lei: a humildade é um dever).

c) E continua (como se possível) a espancada: “não teria (eu)... humildade de RECEBER CRITICAS...” – quais críticas, se não as fez? – Reveja-se, verbis:

“Me tire de sua lista também pois não sou múmia, penso e muito mas não faço parte deste séquito de babacas como você. Lista de discussão é uma coisa, lugar de paranóicos e indivíduos desprovidos de desconfiometro e principalmente de humildade despejarem seus recalques é outra coisa. Procure outro lugar para endereçar seus textos ridículos e arcaicos.é dose ter que te aguentar . Magda”

Relembremos vez outra os martinistas: “Aqueles que se rebaixam ante os outros querendo parecer humildes, porém estão cheios de ressentimentos, inveja ou ambição.”

Quais alcunhas mais se prestam à citação supra? A mim ou à de cujos caberiam os sentidos de paranóica, e recalcada, e ridícula? Quanto a arcaico, Sra., instrua-se um pouco (ou no mínimo consulte uma gramática) antes de confundir arcaísmo [V] com erudição [VI]. Houaiss também lhe será de valia, a distinguir destra de sinistra (saberá fruí-lo?).

Ademais de se lembrar, contudo, que hoje é de melhor sentido, no ensino fundamental, conhecer os caminhos à informação do que acumular erudição conteudística; talvez já tenha ouvido de tais avanços – por que não os aplicamos?

d) Tenta concluir, por fim, como que a se escusar: “FOI POR ISSO QUE TE ENVIEI AQUELA MENSAGEM, ASSIM PUDE COMPROVAR QUE, APESAR DE SUA INTELIGÊNCIA, TE FALTA AINDA TANTA COISA PARA APRENDER NESTE MUNDO.”

Decerto muito me falta aprender – de resto o busco a toda jornada, como me propiciou nesta – e consciência muito maior disto temos os que assim praticam, e aplicam, diferentemente d’outros (esta sim, construção ortográfica preciosística), que apaniguam as inércias e limites alheios, semi-ocultos na ignomínia do semi-anonimato, À MÍNGUA DE CORAGEM MORAL A ASSUMIREM PLENAMENTE SUAS INVECTIVAS.

 

-xox-

 

“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória sofrerá uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas!”

Sun Tzu [VII], em “A arte da Guerra”.

 

Klauss Athayde, 04/09/05; RG 10.324.924 SSP/SP; klauss@klauss.com.br; kathayde@bol.com.br

 



[I] Os Martinistas. Ver: http://www.hermanubis.com.br/index.html

[II] http://www.hermanubis.com.br/Artigos/BR/ARBRAHumildade.htm

[III] Conforme artigo em:

http://www.armazem.literario.nom.br/autoresarmazemliterario/eles/martinhocarloshost/complementares/32_complementar32.htm

[IV] Professor de Filosofia, André Comte-Sponville é mestre de conferências da Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne).

[V] Segundo: http://www.paulohernandes.pro.br/glossario/a/arcaismo.html :

Arcaísmo - Palavra, construção ou sentido remanescente de estágios anteriores da língua, em desuso no linguajar atual. O arcaísmo é modalidade de preciosismo e, de modo geral, deve ser evitado por causar obscuridade ao texto. Exemplos de arcaísmos:

OrtográficosFrancez (francês), gráo (grau), hymno (hino).

MorfológicosCidadoa (feminino com desinência em -oa, em vez de -ãCidadã), pagado (em vez de “pago”), recebel-o (pronome oblíquo “o” em vez de “lo” nas flexões verbais – Recebê-lo).

VocabularesAvença (“Concórdia”. O antônimo “desavença” permanece em uso), cáspite! (puxa! caramba!), leixar (deixar).

SintáticosComeçar cantar (começar a cantar), todos homens (todos os homens), Joaquim vindo de São Paulo para Barretos... (em vez de “Vindo Joaquim de São Paulo para Barretos”...).

SemânticosAsinha (“depressa”. O sentido atual é “pequena asa”), catar (“olhar”. Sentido atual mais comum: “pegar”, “escolher um a um”), Formidável (“amedrontador”. O sentido atual é “excelente”, “magnífico”).

Algumas formas arcaicas ainda resistem em falares regionais. No Brasil, observam-se, especialmente no Nordeste, pronúncias como fruita (fruta), malinar (verbo formado a partir de malino, atual “maligno”), vĩo (vinho), testemunhas vivas de usos lingüísticos de séculos atrás.

[VI] http://pt.wikipedia.org/wiki/Erudição : Erudição é uma instrução vasta e variada, adquirida sobretudo pela leitura e pelo estudo, notadamente direcionada a um conhecimento de cunho acadêmico. Pode-se chamar de sábia uma pessoa erudita, embora a rigor o conceito de sabedoria deva incluir também competências mais amplas, como prudência, moral e experiência de vida.

[VII] General chinês que viveu no século IV AC.