Operação contra CPI envolve R$ 400 milhões em
emendas
04/06/05 09:25 (FolhaNews)
A nova operação para abafar a CPI dos Correios questionando sua constitucionalidade
e a inviabilizando regimentalmente no plenário da Câmara vai custar ao Palácio
do Planalto R$ 400 milhões em emendas parlamentares, segundo apurou a Folha.
Os líderes governistas estão fazendo listas de deputados fiéis para terem
suas emendas pagas.
A intenção do Planalto é realizar a votação para matar a CPI no dia 15
de junho - data a partir da qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
desencadearia mudanças no ministério com o discurso de que reorganizou o
governo politicamente após meses de crise.
O Planalto usará na operação os R$ 200 milhões desbloqueados na semana passada
devido à arrecadação tributária acima da prevista no ano e outros R$ 200
milhões de emendas do Ministério da Saúde, área que não sofreu corte oficial de
gastos em 2005.
Após a fracassada operação abafa da semana passada, quando o governo não
conseguiu matar a CPI retirando assinaturas de adesão ao seu requerimento de
criação, o governo concluiu que tem entre 280 e 300 deputados fiéis. Esse
número é suficiente para aprovar no plenário a inconstitucionalidade do
requerimento de criação da CPI. Primeiro, é necessária a presença da maioria
absoluta (257 dos 513 deputados). Depois, leva quem tiver a maioria simples dos
votos.
O governo avalia que a oposição terá 180 votos. Para vencer, o governo deseja
colocar em plenário 220 deputados dispostos a pagar o preço de enterrar a CPI
dos Correios perante a opinião pública.
Em reuniões nos últimos dois dias, quando se solidificou a estratégia de tentar
matar a CPI pela via da inconstitucionalidade, o Planalto pediu aos líderes que
elaborassem listas de aliados fiéis para receberem as emendas. Com esse
expediente, o governo espera colher vitória política e fortalecer líderes que
se enfraqueceram, pois eles terão a palavra final para dar os
"agrados" aos deputados.
Cada parlamentar tem direito a R$ 3,5 milhões por ano em emendas ao Orçamento,
destinando verbas para seus redutos eleitorais, mas o governo nunca libera
tudo. Dos R$ 400 milhões que pretende usar nessa operação, 90% serão gastos nas
listas dos líderes. Outros 10% serão destinados a acordos específicos com
deputados-chave ou parlamentares da oposição "convidados" a não dar
presença e votar pró-CPI.
Em reunião na quinta-feira com Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), fechou com a estratégia para tentar sepultar a CPI dos Correios no
dia 15. O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) participou da conversa.
Na quarta-feira, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) se reuniu
com Lula e fez relatos de sua reaproximação com Renan. João Paulo está se
credenciando para eventualmente substituir Aldo caso dê certo a operação
anti-CPI.
Compilado
e retransmitido por:
Klauss Athayde, 04/06/05.
RG 10.324.924
SSP/SP